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Inflação: Muito Além do Preço do Tomate

By 02/07/2019 agosto 12th, 2019 No Comments

Todos os anos sentimos que as coisas estão ficando um pouco mais caras e que nosso dinheiro está comprando menos, esse aumento de preços contínuo e generalizado na economia se chama inflação.

Apesar de suas causas serem complexas, seus efeitos podem ser observados no dia a dia. O aumento dos preços de produtos e serviços é medido de maneira periódica, sendo essas medições chamadas de taxas de inflação que, no Brasil, são medidas por índices como IPCA (índice de preços ao consumidor amplo) e IGP-M (índice geral de preços do mercado).

Os índices de inflação medem o poder de compra de nosso dinheiro. Se os índices aumentam, significa que a quantidade de produtos e serviços que é possível comprar com uma mesma quantidade de dinheiro diminuiu. Por exemplo:

Se hoje você tem um orçamento familiar com uma despesa mensal de R$ 5.000,00, com uma inflação anual for de 4,0%, em um ano é esperado que a sua despesa aumente para R$ 5.200,00 que é o equivalente aos R$ 5.000,00 atuais, acrescidos de 4,0%.

Impacto nos Investimentos

Muitas vezes usamos o valor nominal de um ganho, e nos esquecemos que com o tempo a moeda por perder valor.

Por esse motivo os investimentos são frequentemente comparados a inflação, sendo que apenas os ganhos que superam o índice de inflação são ganhos que de fato aumentam o poder de compra do investidor.

O ganho total referente a uma aplicação ou rendimento é denominado ganho nominal, sendo que o ganho acima da inflação é denominado ganho real.

Por exemplo:

Para cobrir as despesas mensais de R$ 5.000,00 você dispõe de uma renda mensal de R$ 10.000,00. Se você obtiver um reajuste anual de R$ 500,00, isso equivale a um ganho nominal de 5,0% sobre a renda de R$ 10.000,00, mas um ganho real de apenas 1,0% (considerando uma inflação de 4,0%), isso porque as despesas aumentaram de R$ 5.000,000 para R$ 5.200,00, consumindo parte do ganho de R$ 500,00

Caso os reajustes sobre os rendimentos sejam nulos ou o dinheiro não seja aplicado, a expectativa é que o valor do dinheiro no tempo seja reduzido, passando a comprar menos produtos e serviços, sendo a perda do seu poder de compra equivalente a inflação.

Portanto, superar os índices de inflação é uma meta para a manutenção do poder de consumo de qualquer investidor.

Veremos mais adiante que o índice de inflação não é um objetivo para os investimentos, sendo que investimentos com baixo risco usualmente superam com ganhos reais de 3,0% a 4,0% os índices de inflação, mas é uma métrica básica para compreensão de qualquer planejamento financeiro e do valor de nossas obrigações financeiras atuais e futuras.

Índices Oficiais de Inflação

IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

Divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este reflete o custo de vida para famílias com renda mensal entre 1 a 40 salários-mínimos, sendo pesquisado em nove regiões metropolitanas.

A medição da inflação é feita através da variação de preços de uma cesta hipotética de consumo familiar, que reúne a média de produtos e serviços destas famílias.

Geralmente é realizada uma Pesquisa de Orçamento Familiar para determinar esta cesta.

Segue série histórica para os índices de IPCA nos últimos 10 anos.

IGP-M Indice Geral de Preços do Mercado

Mensurado pela Fundação Getúlio Vargas, segue metodologia distinta da empregada para o cálculo do IPCA, embora também seja entendido como índice de inflação.

Esse não é um índice divulgado pelo governo, sendo que sua criação veio de encontro a solicitação de entidades privadas que desejavam um índice com mais credibilidade e independência.

Apesar deste não ser um índice oficial do governo, vale destacar sua importância na educação financeira, pois ele é o principal indexador de contratos de aluguel no país.

Portanto, contratos de aluguel, que são uma parte relevante no orçamento de muitas famílias e negócios, usualmente são reajustados pelo IGP-M, sendo que esse pode ser diferente do IPCA devido a diferença de metodologia em sua apuração.

Segue série histórica para os índices de IGP-M nos últimos 10 anos.

Série Histórica IGPM

Série Histórica IGPM. Fonte: http://www.portalbrasil.net/igpm.htm

É possível observar que na série histórica acima que o índice foi negativo para os anos de 2009 e 2017. Isso significa que o poder de compra do dinheiro aumentou durante esses 2 anos, sendo que produtos e serviços se tornaram em média mais baratos. Esse fenômeno de apreciação do dinheiro é denominado deflação, ocorrendo no Brasil de forma muito menos comum do que a inflação.

Outros Índices de Inflação

Existem outros tipos de índice de inflação com aplicações específicas para alguns setores da economia, mas que não fazem parte do objetivo desse texto. O objetivo não é tornar o leitor perito em economia ou preocupado com todos esses índices, mas chamar a atenção para o fato de que as despesas crescem com o tempo e que temos que nos esforçar para poupar mais, investir melhor e ter promoções ou reajustes melhores afim de manter nosso poder de compra.

Vale mencionar que não há uma medição única para a inflação, pois o consumo de cada família e indivíduo é composto por diferentes itens (aluguel, escola, plano de saúde, alimentação, internet e outros).

Portanto, apesar dessa ser uma medida geral para o aumento de preços médio, um bom planejamento financeiro se mantém atento às despesas específicas do orçamento, sendo que sua evolução deve ser acompanhada de modo a garantir que os ganhos superem ou acompanhem o aumento das despesas.

Calculando a Sua Inflação Familiar?

calculando a inflação pessoal e familiar.

Para calcular a sua inflação pessoal é preciso fazer uma conta simples.

Por fim, convido você a fazer um exercício de cálculo de sua própria inflação ao longo dos anos. Para isso, primeiro você precisa seguir 2 passos:

1. Anotar as despesas mensais

Você irá precisar de uma planilha de controle de gastos anotando suas despesas mensais durante, no mínimo, 2 meses, para calcular a sua inflação no mês. Caso queira, é interessante continuar anotando para entender sua inflação no trimestre, no semestre e no ano.

2. Dividir o valor do mês atual pelo mês anterior (menos 1)

Para calcular a inflação de cada item de gasto, basta dividir o valor do 2º mês pelo valor registrado no 1º mês para esse item e subtrair 1,00. O valor restante é o percentual de aumento mensal da sua inflação.

Se você fizer isso por 12 meses, terá sua inflação anual. Por 6 meses, semestral. E 3 meses a trimestral.

O Que Fazer Com Esse Resultado?

Apesar de tecnicamente o aumento do volume de consumo não ser inflação, sendo que essa se aplica ao aumento do valor unitário de cada item. Esse percentual de aumento global é útil para entender como foi a sua progressão de consumo nos meses e projetar qual o esforço necessário para manter a sua tendência de consumo nos próximos anos.

E você gostou desse texto? Já calculou a sua inflação pessoal alguma vez na vida? Compartilhe com sua família e comece seu planejamento financeiro.

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