Frequentemente os comportamentos e habilidades de trabalhar com as finanças pessoais são passados de pais para filhos. Seja porque tendemos a copiar os mesmos comportamentos de nossos pais, seja porque queremos lutar contra essa força e fazer exatamente o oposto do que nos foi ensinado.
Entretanto, além de um estudo publicado no Journal of Public Economics concluir que quando o assunto é Finanças Pessoais os filhos adotam os valores dos pais, uma outra grande influência no comportamento financeiro é a geração em que aquele indivíduo está inserido. Fundamentalmente, esses dois conceitos estão estreitamente ligados e indicam que essa mistura de culturas, comportamentos e valores faz com que os filhos tenham uma influência combinada com aprendizados do passado, baseado na geração dos pais, e da geração em que o indivíduo está inserido, e assim é possível determinar padrões de comportamento.
Para isso, observa-se que conforme uma geração é inserida em um novo contexto o comportamento primário com relação às finanças pessoais segue uma mudança. A seguir estão as características de cada geração que serão utilizadas nos próximos tópicos traçam um conceito mais amplo de cada geração e sua relação com o dinheiro.
Portanto, se você quer entender porque você e as outras pessoas tem comportamentos e pensamentos tão diferentes em relação ao dinheiro, leia este artigo até o final.
Para melhor entendimento dos cenários apresentados neste artigo, na figura abaixo é possível identificar a evolução da participação relativa da população de grupos etários no Brasil, de acordo com o IBGE, de 1940 a 1996.
Nela, vemos um aumento do número de pessoas com mais de 65 anos e uma diminuição muito grande no número de jovens com menos de 14 anos. Isso ajuda na tese da importância que o Planejamento Financeiro deve ser tratado, pois com esse aumento da idade média brasileira a população economicamente ativa tende a diminuir e a poupança que os indivíduos fizerem durante sua vida os farão ter mais tranquilidade no futuro.
Fonte: População Jovem no Brasil – IBGE (IBGE, 1996)
A seguir, apresento a descrição de cada uma das gerações e seus principais comportamentos e preocupações financeiras.
TRADICIONAIS (Nascidos antes de 1946)
Nascidos em uma época extremamente tradicional e sem acesso à muita informações e tecnologia, as pessoas aqui nascidas participaram da construção e da evolução de todo o mundo tecnológico.
São pessoas mais conservadoras, com maior protecionismo do governo com a criação da lei CLT em 1939 e o início da criação da Previdência Social em 1888. Sendo assim, as pessoas dessa época conquistaram mudanças bastantes positivas sobre a regulação do trabalho e garantia de aposentadoria como a Previdência Social.
A tradição dessa geração não era de investimentos grandiosos e o conservadorismo era latente, como a popular forma de “guardar dinheiro embaixo do colchão” para sua reserva de segurança durante tempos conturbados de crises mundiais e guerras.
BABY BOOMERS (Nascidos entre 1946 e 1964)
Nascidos após a Segunda Guerra Mundial, o Baby Boomers são diferentes de qualquer outra geração que viera antes. O maior motivo para isso é que são filhos de pais extremamente conservadores financeiramente.
Essa geração não teve grande acesso ao crédito, e acima de tudo, são avessos a obterem dívidas. Sofrem influência do conservadorismo da geração anterior e preferem investimentos mais tangíveis como uma casa ou outros bens materiais para a própria segurança.
No que tange os valores dos Baby Boombers, o trabalho árduo e a estabilidade no trabalho de muitos anos para uma empresa ou para o Estado.
O acesso ao crédito começou a ser melhor visto, mas quase sempre usado para acumulação de patrimônio através de propriedades.
Em resumo, os Baby Boomers são caracterizados pelo apreço ao investimento em imóveis, evitando recorrer à créditos e não acumulando grandes quantias em investimentos em fundos e previdência privada por estarem confortáveis com a estabilidade e garantia de renda na aposentadoria.
GERAÇÃO X (Nascidos entre 1965 e 1980)
Nascidos após o Golpe Militar de 1964, essa geração foi caracterizada por um número muito grande de eventos que mudaram o rumo de várias áreas da ciência.
Para citar alguns, o homem chegou à lua, guerras, introdução de TVs e video-games, queda e surgimento de alguns países e impérios; já no Brasil, o próprio Golpe Militar, a intervenção extrema do estado na economia, o Milagre Econômico, o Crash de 1971, entre outros eventos importantes.
Porém, diferentemente da geração anterior que buscava estabilidade, essa geração tinha um foco no impacto positivo através de suas ações para criar mudança no comportamento econômico e de consumo. Para que isso fosse possível, a educação foi um objetivo muito grande dessa geração. Muito mais pessoas obtiveram um curso superior e pode ser considerada a geração mais intelectual até então.
Entretanto, isso tardou a entrada no mercado de trabalho para após a conclusão do curso superior, o que prolongou o tempo sem renda dos indivíduos, aproveitando a renda da geração anterior e das melhorias na economia desse tempo, sendo um precursor para aumentar o nível de empréstimos.
Principalmente por conta das crises e a passagem de quase toda sua vida adulta com uma inflação muito alta, essa geração é caracterizada com o pensamento de que era importante garantir primeiro o agora e depois guardar para o futuro.
Um emprego público era garantia de estabilidade, como ensinado pela geração anterior, a inflação alta fazia com que o foco fosse garantir as necessidades básicas agora, por muitas vezes corroendo todo seu rendimento.
Isso fez com que as famílias vissem a importância de guardar dinheiro para o futuro, e se precaver em caso de novas crises ou subidas ainda maior da inflação.
GERAÇÃO Y (Nascidos entre 1981 e 2000)
Nascidos na “Era da Informação”, na qual computadores e a Internet nasceram e cresceram tomando conta do cotidiano. De maneira geral, a Geração Y tem uma melhor Educação Financeira, o que acontece é que existem diferentes razões para uma pessoa não se preocupar com isso.
Essa geração cresceu com crescimento tecnológico e disseminação rápida de informação, e com isso vem a expectativa de resultados rápidos.
Isso significa que investimentos de longo prazo, como as gerações anteriores faziam, não são feitos e o dinheiro acaba sendo gasto com realizações de curto prazo como carros, smartphones, carros, viagens, entre outros prazeres e estilo de vida.
Além disso, essa geração cresceu junto com o “boom imobiliário”, beneficiando as pessoas da Baby Boomers e Geração X. Isso fez com que a Geração Y ficasse fora do mercado, mas o crescimento e estabilidade econômica propiciou às pessoas dessa geração a juros mais baixos e maior facilidades de financiamento.
Como consequência, apesar do crescimento e a possibilidade de melhores financiamentos, a decisão não consciente de guardar dinheiro e gastar menos que ganha leva essa geração a sempre buscar ajuda de terceiros para seus problemas financeiros.
Apesar de todas as mudanças no cenário macroeconômico, essa foi a geração que começou a entender mais a importância de se fazer investimentos diversificados e a necessidade de preocupação com a aposentadoria, principalmente por que apesar de terem um período de inflação controlada, o mercado está muito mais caro e sem um crescimento muito forte.
Além disso, o número de idosos está aumentando cada vez mais e as garantias que as outras gerações tiveram com certeza não existirá mais.
Por isso, há uma grande dúvida em qual é a melhor maneira de se comportar financeiramente para garantir um futuro sem comprometer as necessidades de realizações imediatas.
GERAÇÃO Z (Nascidos depois de 2001)
Esta é uma geração totalmente nova, e apesar de não ser possível abordar neste trabalho é importante entendê-la para que seja possível, em conjunto com os aprendizados da geração anterior, a fim de conseguir moldar melhores práticas para o início mais precoce da conscientização de poupar dinheiro e ter a vida financeira organizada.
Essa geração tem uma mentalidade extremamente consumista e imediatista, é a geração do agora, o futuro não interessa pois talvez nem exista, pelo menos não do jeito que conhecemos hoje.
Analisando as características das gerações, o comportamento considerado padrão de uma geração não necessariamente será o comportamento padrão da próxima geração.
Com o passar do tempo a evolução das necessidades, tecnologias, cultura, etc. faz com que novas formas de comportamento sejam adotadas e necessárias para sobrevivência do indivíduo no novo ambiente transformado por essas evoluções.
Independentemente da rapidez com que acontecem essas mudanças, os conceitos básicos do que tange a Educação Financeira transpassam uma geração para a próxima e devem ser levados em conta para melhor adaptação e entendimento da forma com que o indivíduo interage nesse novo mercado.
Preocupações Financeiras e Idade
Além da influência da geração e da cultura em que o indivíduo está inserido, há também uma forte tendência que as preocupações financeiras também estão relacionadas à idade que a pessoa tem. No decorrer da vida, algumas características evolutivas padrões aparecem e é possível prevê-las.
De acordo com a pesquisa Gallup Economy and Personal Finance, pagar empréstimos escolares é considerada a maior preocupação dos recém formados.
E, a medida com que esse indivíduo vai crescendo, ele se preocupa mais com o futuro, e por exemplo, se terá uma boa reserva financeira para a aposentadoria.
As principais preocupações com relação à idade são:
Dos 18 aos 29 anos
- Empréstimo escolar
- Falta de dinheiro / Baixo salário
- Despesas domésticas
- Fatura do Cartão de Crédito
Dos 30 aos 49 anos
- Empréstimo escolar
- Falta de dinheiro / Baixo salário
- Despesas com saúde
- Fatura do Cartão de Crédito
- Custo de vida / inflação
Dos 50 aos 64 anos
- Despesas com saúde
- Fatura do Cartão de Crédito
- Falta de Dinheiro / Baixo salário
- Custo de Vida / Inflação
- Reserva para aposentadoria
Mais de 65 anos
- Despesas com saúde
- Falta de Dinheiro / Baixo salário
- Custo de Vida / Inflação
- Fatura do Cartão de Crédito
- Reserva para aposentadoria
E você como se comporta com relação ao dinheiro? Se gostou deste artigo, compartilhe com alguém que pensa diferente de você.